Quarto dos rapazes [R/c]

Assenti quando ele me prometeu e apesar de eu não ter bem a certeza de que ele ia conseguir cumprir com a promessa, não disse mais nada. Baixei o olhar para o meu copo ee leite, pegando no mesmo e dei um pequeno gole, arregalando depois os olhos mal ouvi Hugh falar. Levantei o olhar para ele e para a forma como olhava para Henry e não consegui não estremer.
- Cheira-me que não tens hipóteses, algo me diz que o ar todo machão é só um disfarce.- revirei os olhos, abanando a cabeça para tentar que ela saísse dali, mas acabei por me limitar a concentrar neles, de novo.
- Esperemos que não seja preciso fazeres nada disso.- murmurei num tom baixo.

Olhei para Hugh e sorri apenas um bocadinho, não queria que ele pensasse coisas, sendo ele homossexual e sendo o único rapaz por aqui era normal que ele gostasse mais de mim, todos os humanos gostam de proximidade, bem, quase todos. Olhei para Rachel com o que ela disse - se um dia quiseres mesmo sair daqui, é o que se deve fazer.

De um momento para o outro, não era Henry que parecia estar a mais, era mesmo eu. Fiz uma pequena, pegando na minha sandes que ainda nem a meio ia e dei-lhe mais uma trinca antes de voltar a olhar para eles. Eu só esperava que Daphne não tivesse razão.
- Mas tu ainda duvidas? - revirei os olhos, comendo mais um bocado para me manter calada e só levantei o olhar de novo quando ouvi Henry falar. Estremeci, engolindo em seco e mordisquei o meu lábio inferior de forma nervosa. Não era que já não tivesse pensado nisso, mas preferia não o fazer muitas vezes.
- Pode ser que alguém algum dia ganhe coragem.- murmurei baixinho, ainda toda arrepiada só com a ideia.

Já tinha pensado várias vezes em matar Lynn e sabia que um dia, mais tarde ou mais cedo, isso ia acontecer. Levantei a cabeça quando de repente ela apareceu como se estivesse a ouvir os meus pensamentos. - Henry prepara-te - disse ela e eu percebi logo o que é que aquilo queria dizer. Olhei para a minha comida perdendo logo o apetite e afastei lentamente a cadeira da mesa levantando-me da mesma maneira.

Depois daquela conversa sobre matar Lynn, o silêncio que se tinha instalado na cozinha foi curiosamente interrompido pela mesma. Virei a cara de repente na direcção da porta, mal ouvi a sua voz, e o meu coração apertou-se quando ela se dirigiu a Henry.
- Não..- murmurei baixinho, sentindo um nó formar-se de novo na minha garganta e quando os meus olhos se embaciaram, eu olhei Henry.- não vás.- continuei a falar no mesmo tom.- tu não tens de ir, a culpa foi minha.- disse, levantando-me mas logo senti Hugh agarrar-me. Porque é que eles não compreendiam? - tu não tens de fazer isto.- funguei.

Olhei para Rachel que começou logo a passar-se de novo e abanei a cabeça. Ela tinha muita coisa para aprender se é que queria viver. Não era a primeira vez que Lynn sujava as mãos com uma pessoa que não se integrava - controla-a - disse a Hugh que assentiu e ficou a ver-me ir embora.
*Henry off*
*le gayzinho on*
Agarrei-lhe nos braços fazendo que ela me olhasse - tu tens que te equilibrar se não queres acabar morta - disse-lhe - se o Henry quer fazer isto por nós, deixa-o fazer isto por nós. É porque deve er alguma ideia. - não a larguei - pára de entrar em pânico. - mandei - está bem?

Era mais forte do que eu, não conseguia parar de pensar que a culpa era minha, não conseguia parar de pensar que Henry só ia fazer o que ia fazer por minha causa. Abanei a cabeça, vendo-o ir-se embora e depois já só senti Hugh virar-me para ele, ainda a agarrar-me. Fiquei calada enquanto o ouvia, apesar de não estar a ouvir grande coisa e limitei-me a assentir.
- Eu nunca pensei dizer isto.- Dapnhe falou num tom calmo.- mas o gayzinho tem razão.- ela disse.- não te serve de nada estares assim, provavelmente só prejudicas, como sempre.- revirei os olhos, sentindo as lágrimas escorrerem-me pelas bochechas e apressei-me a limpá-las, olhando para Hugh.
- Posso ir para o quarto? - perguntei baixo.- ou tenho alguma coisa para fazer?

*Hugh*
Engoli em seco ao ver o seu estado. Eu compreendia, mas ela também tinha que compreender que se o Henry se estava a sacrificar por nós era porque não era em vão. Ele ia safar-se e safar-nos de muitos problemas - podes ir - disse num tom baixo - posso ir contigo? - perguntei. Não gostava muito de estar sozinho mas acabava sempre por ficar. Era o diferente do grupo e só Henry e ela queriam a minha companhia.

Agradeci mentalmente assim que ele me disse que podia ir para o quarto e assenti, virando costas pronta para ir, quando de um momento para o outro o ouvi perguntar-me se podia ir comigo.
- Eh lá, queres ver que o paneleirinho quer experimentar coisas diferentes? - revirei os olhos, ainda de costas para Hugh.
- Cala-te.- mimei apenas, para que ele não me achasse ainda mais maluca e virei-me para ele, sorrindo muito ao de leve.- podes.- assenti.- eu também não queria ficar sozinha.- confessei. Além de que eu gostava da companhia dele, muito.
- Sim, como se fosse só da companhia.

Sorri quando ela disse que podia e aproximei-me mais dela entrando dentro do quarto das raparigas que estava vazio, felizmente. Entrei depois dela e passei as mãos pelos braços por estar tanto frio ali. Lynn só tinha aquecimento na parte de cima e aqui de baixo era um frio que não me deixava sentir os pés - o teu quarto ainda é mais gelado que o meu - disse sentando-me numa das camas que estavam feitas.

Sorri discretamente enquanto seguia ao lado de Hugh até ao meu quarto e assim que lá chegámos, abri a porta, deixando-a aberta para que também ele entrasse. Peguei logo no meu casaco que estava em cima da minha cama, vestindo-o por estar frio ali e olhei para Hugh, fazendo uma pequena careta com o que ele disse.
- Eu acho que esta casa é toda fria.- encolhi os ombros e fui sentar-me na cama onde ele estava, puxando as mantas para trás.- deita-te aqui.- disse-lhe, fazendo sinal para que viesse para ao pé de mim, visto que eu já me tinha enfiado debaixo das mantas.-[b] assim aqueces.
- Claro que aquece.- ela ironizou.- que tu o queres aquecer sei eu.- riu-se.- mas também sei que não é dessa forma.

*hughzinho*
Como era um rapaz e éramos apenas dois não tínhamos casacos e poucas eram as camisolas quentes que havia. Às vezes no natal ou quando era alguma data importante e ela estava contente, ainda nos dava. Olhei para ela quando abriu a cama e pediu para me deitar com ela e aceitei, porque estava a regelar - este quarto é pior, garanto-te - enfiei-me dentro das mantas e fiquei a olha-la. - estás bem?

Cheguei-me mais para a pontinha da cama, dando-lhe espaço para que viesse para ao pé de mim e puxei as mantas mais para cima de mim, deixando depois os meus olhos descaírem para o seu peito despido.
- Vê lá não te babes.- arregalei ligeiramente os olhos e subi-os logo para o seu rosto.- bem, se quiseres uma ajudinha é só dizeres, sabes que eu consigo sempre tudo aquilo que quero.- suspirei baixinho, controlando-me para não revirar os olhos.
- Queres que eu te arranje algo para vestires? - perguntei com uma careta.- duvido que te sirva, mas pode ser que aqueça.- encolhi os ombros e depois olhei os seus ombros, assim que ouvi a sua pergunta.- estou.- assenti.- dentro dos possíveis.

Olhei para o meu peito despido e ri-me abanando a cabeça só de me imaginar com uma das roupas delas - não, eu posso ser gay, mas não sou bicha - brinquei com ela com um meio sorriso e fechei os olhos puxando a manta mais para mim. Aproximei-me dela para não cair da cama e olhei-a - eu sei que é difícil, mas eu tenho o feeling que isto tudo vai mudar.

Mordi a parte dentro da minha bochecha com muita força assim que o ouvi dizer que era gay e apenas assenti. Eu sempre soube daquilo, mas não deixava de ser estranho ouvi-lo a dizer o que realmente era.
- Dá para reparar que não és.- deixei escapar, olhando de novo para o seu peito mas logo voltei a olhar para a sua cara antes que começasse com ideias menos próprias.
- Podes sempre mostrar-lhe o que é bom e tentar mudar-lhe os hábitos.- ignorei, como sempre e soltei um pequeno suspiro com o que ele disse depois.
- Espero que sim.- confessei, mordiscando o meu lábio inferior.- estou a precisar de um bocadinho de paz.

*hugh*
Ri-me com o seu comentário e juntei as sobrancelhas quando ela ficou durante uns segundos calada. Tinha que admitir que ela apesar de bonita era um bocadinho estranha, mas não deixava de ser inteligente. - Nós vamos todos conseguir sair daqui, tenho a certeza. - disse tirando-lhe o cabelo da cara para a olhar melhor.

Levantei o olhar para Hugh assim que senti as suas mãos no meu cabelo e tenho de confessar que me foi impossível não mordiscar o lábio ao mesmo tempo que sentia o meu coração ficar mais acelerado.
- A sério que vou ter de ser eu a fazer tudo por ti? - Daphne resmungou e sem que eu tivesse tempo de reagir, já o meu corpo se estava a aproximar do de Hugh. Assenti ao que ele disse, sem saber muito bem se era eu que estava a assentir, e o meu dedo deslizou pelo seu peito.
- Mas enquanto não saímos..- as palavras brotaram pelos meus lábios e o meu olhar subiu para o seu.- podemos entreter-nos com outras coisas.

Olhei-a quando se aproximou de mim, mas não me afastei, todo o calor humano era bem vindo. Sorri ao vê-la assentir, apesar dela estar um bocado estranha, parecia que estava toda vidrada. Levantei as sobrancelhas se aproximou ainda mais e os seus dedos passaram pelo meu peito. - O quê? - perguntei-lhe baixinho como se mais alguém nos pudesse ouvir, apesar de estarmos sozinhos.

Assim que vi a sua cara, soltei um gargalhada que tinha plena noção de que não era propriamente minha, ou então, por outras palavras, era uma gargalhada forçada, mas baixa.
- Estou a oferecer-te uma distracção.- disse no mesmo tom da gargalhada, piscando-lhe o olho e voltei a tocar-lhe no peito.- não me digas que vais recusar. - murmurei, chegando-me mais para ele e rocei os meus lábios pelo seu maxilar.

Arregalei os olhos quando ela se riu e fiquei a olhar feito parvo para ela. Engoli em seco quando começou a falar e comecei a suspeitar que ela fosse bipolar. Ainda agora estava com medo e neste momento estava a atirar-se a mim, a mim! Euzinho. Olhei-a ficando a sentir os seus beijos no meu maxilar. - Mas...

Continuei a roçar os meus lábios pelo seu maxilar, começando a subir pela sua bochecha e foi-me impossível não me voltar a rir ao ver o seu estado.
- Mas nada, tu vais ver que vais gostar da distracção.- murmurei, continuando a subir com a minha boca e quando cheguei suficientemente perto dos seus lábios, agarrei-lhe na cara para o conseguir beijar.

Levantei as sobrancelhas e quando ela disse que eu ia gostar e assenti com a cabeça sem saber o que é que havia de lhe dizer. Fechei os olhos, instintivamente, quando ela me beijou e fiquei por uns segundos hesitante, mas acabei por a beijar. Ela podia não ser muito bem o meu estilo de pessoa, mas numa coisa tinha razão, era preciso diversão em tempos como este, e eu sabia divertir-me apesar de tudo. Agarrei-lhe na cintura, correspondendo ao seu beijo e puxei-a mais para mim.

Já não era a primeira vez que isto acontecia, já não era a primeira vez que Daphne fazia o que queria do meu corpo, fazendo-me fazer coisas que nem sempre eu queria. Mas, neste caso, acho que tinha de lhe agradecer.
- Ah, ainda bem que admites isso.- ela disse, com um tom todo convencido.- mas agora aproveita.- sorri contra os lábios de Hugh, levando as minhas mãos até ao seu cabelo e devo admitir que assim que o senti puxar-me mais para junto dele não consegui não ficar admirada.- oh minha querida, ninguém resiste aos meus dotes.- Daphne falou, mas eu já nem estava a ouvi-la, só queria aproveitar o que estava a acontecer. Elevei uma perna, colocando-a por cima das suas e aprofundei o beijo, chegando-me o mais que consegui para ele.

Passei a mão pela perna dela quando ela a levou e as colocou em cima das minhas e virei-me para ficar em cima dela. Apesar de tudo, conhecia o corpo de uma mulher tão bem como o de um homem, Lynn obrigava-me a estar com elas, quando não havia pessoas como eu na área, e bem...isso era um bocado raro. Claro que não estava a fazer nada disto obrigado. Desci os meus lábios dos seus e passei-os pelo pescoço dela.

Sorri contra os seus lábios assim que nos senti rodar na cama, o que fez com que ele ficasse em cima de mim e, em vez de ter apenas uma perna em cima das suas, coloquei as duas em redor da sua cintura. Por momentos, parecia que Daphne já não precisava de fazer as coisas por mim, parecia que eu já fazias as coisas sozinha, já fazias as coisas porque queria. Abri os olhos assim que senti os seus lábios separarem-se dos meus mas logo os fechei quando estes foram parar ao meu pescoço. Fechei as mãos que tinha no seu cabelo, apertando-o, mas sem o magoar, e soltei um suspiro baixo.