Restaurante

 - Então porque é que ainda não o fez? - Perguntei, com uma certa coragem obscura e estranha. Eu perguntei mesmo isto? Oh meu deus.. A culpa é dele, é podre de bom.

 - Ah.. Então se ficar sozinho comigo, vai morder-me o lábio? - Perguntei igualmente baixinho, bebendo um gole do vinho que chegara à minutos atrás. Hmm

Ia para morder o lábio mas rapidamente parei e passei a língua pelo mesmo, para o molhar. Agradeci e comecei então a comer, calmamente, olhando-o enquanto mastigava a comida. Sentia uma espécie de atracção enorme por ele, uma espécie de faísca e química enorme entre nós. Hmm, ele quer morder-me o lábio.. Sorri interiormente e continuei a comer. Quando estava satisfeita, dei o jantar por terminado e afastei um pouco o prato, que ainda continha um pouco de salmão.

- Não, Mr. Dragomir. Estou bem, obrigado - Sorri carinhosamente, recostando-me na cadeira, deixando-me olhar para ele relaxada. Ai mãezinha.. Não posso pensar nestas coisas!

 - Tenho, Senhor. Estou bem, obrigado - Afirmei, com um sorriso doce e perfeitamente natural.

Olhei-o atentamente, percebendo que ele me estava a olhar de uma outra forma. Não a "normal", uma forma diferente. Está a apreciar-me? Abanei a cabeça, dando-lhe uma resposta negativa - Não senhor, não quero, obrigado. - Respondi educadamente com um doce sorriso

Sorri vagamente ao empregado e depois ao senhor Dragomir, ou devo dizer, ao pedação de céu e de mau caminho que está à minha frente o.o . Suspirei e olhei para as minhas mãos, tentando não morder o lábio

Alguns minutos depois, chegámos ao restaurante. Não era o restaurante mais requintado do mundo, mas também não era o restaurante mais não requintado. Assim que entrámos, pedi uma mesa para dois e entretanto lá fomos para uma mesa ao canto. - Escolhe o que quiseres.. - Sorri, sabendo que o cardápio dela não tinha os preços. Era uma coisa engraçada que este restaurante tinha.

Não gostava que me pagassem as coisas, muito menos daqueles cardápios sem preços. Suspirei e olhei comida a comida, acabando por escolher um arroz de bacalhau no forno. Encostei-me à cadeira e suspirei.

Acabei por pedir o mesmo que ela, e escolhi uma boa bebida para ambos. Agradeci ao empregado e sorri-lhe depois - Assim sim! É assim que se comemora! - Afirmei divertido

Comecei-me a rir, tendo alguns olhares, postos em nós e cruzei os braços ao peito. - Por mim, um sumo natural de laranja, em minha casa, já era uma boa comemoração.

- Pshé, eu cá sei como é ou deixa de ser! - Disse todo emproado, rindo baixinho depois. Abanei a cabeça e suspirei - Eles aqui fazem comida muito boa, vais adorar

- Sim e aposto que super cara também! - revirei os olhos. Não gostava nada que ele estivesse a gastar dinheiro comigo. Sim, podia ser uma comemoração, mas eu contentava-me com pouco. - Para que conste, isto é uma vez sem exemplo!

- Não é muito caro, não comeces com isso vá! - Contradisse, rindo baixinho. Não é caro para mim, claro. Assenti e abanei a cabeça - Sim sim, claro vossa excelência! - Disse na brincadeira

Peguei numa daqueles pacotinhos com manteiga e atirei-lho. - Não é muito caro para ti! - mas hoje não me ia preocupar com aquilo. Era para festejar, então que fosse. - Ainda não acredito que entrei. Valeu a pena o esforço. - e já não ia à rua, há umas boas semanas. Isso deixava-me com um peso fora de mim. Apanhei outro pacotinho de manteiga, abri-o e barrei-o nas fatias de pão. Estava esfomeada!

Apanhei o pacotinho de manteiga a tempo, antes que fosse parar ao chão ou então que batesse em alguém! Ri baixinho e abanei a cabeça - Tu és tola! - Murmurei, ainda entre risinhos. - Então é melhor começares a acreditar, porque é mesmo verdade. Eu sempre soube que tu, mais dia ou menos dia, irias acabar por conseguir entrar. Basta acreditares em ti, teres confiança em ti própria e nunca parares de perseguir os teus sonhos - Falei sincero, com um pequeno sorriso.

- Tu um tolo! - respondi na mesma moeda e acabei por lhe mostrar a língua. - Sim, tens toda a razão. O que me faltava era força e confiança e isso tu deste-ma. Obrigado. - sorri abertamente. Os nossos pedidos, depressa chegaram.

- Eu tolo? Nã, eu ser awesome - Mostrei-lhe também a minha língua e ri baixinho. Parecíamos dois putos a portarem-se mal no meio de um restaurante chique. Ajeitei a minha postura e abanei a cabeça face às nossas figuras - Oh, não tens de agradecer..