Sala de estar [R/c]

Afastei-me de Lynn, deixando-a cair das escadas abaixo. Ela agarrava na faca, tentando afasta-la, ao mesmo tempo que sabia que se a tirasse ia morrer mais rápido. Carly soltou um grito quando se apercebeu do que tinha feito e, quando olhei para ela, vi também Rachel. Isso foi o que me fez passar mais cabeça, ver que ela tinha visto o que eu tinha feito. Não me orgulhava de ter espetado aquela faca no pescoço da pessoa que nos tinha aprisionado durante demasiados anos ao ponto de me ter levado à loucura. No entanto, não me arrependia. Acho que nunca me ia arrepender. Ia ser livre, finalmente ia ser livre.
- He... - Lynn tentava falar, pedir ajuda, mesmo sabendo que eu não ia fazer nada. Desci as escadas, afastando-me do sangue para não me sujar e agarrei no cabo da faca, vendo-a abanar a cabeça para não o fez, mas não lhe dei ouvidos, retirei a faca, mandando-a para o chão e aí sim, o sangue começou a jorrar-lhe por todos os lados até ela perder os sentidos. Ainda não estava morta, mas estaria em alguns minutos.
Voltei a olhar para Rachel, sem saber o que fazer ou dizer, por isso apenas dei dois passos para trás e fui-me sentar no sofá que havia numa mini sala, mesmo ao lado da cozinha.

Quando Henry me tinha dito que hoje era o dia em que ele ia tratar de tudo, não me tinha passado pela cabeça que ele o ia mesmo fazer. Até podia ser que tentasse matar Lynn, mas eu pensava que os ajudantes da mesma o iam travar ou algo do género, nunca tinha pensado que ele ia mesmo conseguir. Engoli em seco, quando olhei mais uma vez para o corpo de Lynn e tentei não me focar muito na sua cara, porque, apesar de a odiar com todas as minhas forças, ouvi-la tentar pedir ajudava conseguia tornar-se agoniante. Fechei os olhos durante uns segundos, quando percebi o que Henry ia fazer e assim que ouvi um outro grito assustado de Carly, percebi que tinha acabado. Abri os olhos devagarinho, vendo-o olhar-me e engoli em seco, sem saber o que fazer naquele momento. Aquilo significava que estávamos livres? Definitivamente livres? Afastei-me do corpo de Lynn, quando o sangue se começou a espalhar pelo chão e tentei acalmar a minha cabeça, de forma a pensar no que fazer.
- Nós precisamos de sair daqui.- disse para todos.- não tarda eles vão dar pela falta dela.- passei as mãos pela cara, olhando para Henry e acabei por me aproximar, agachando-me para lhe agarrar nas mãos.- vai ficar tudo bem, olha para mim.- pedi, olhando os seus olhos.- eu sei que só fizeste isto para nos proteger.- assenti, esticando-me até lhe beijar os lábios.- mas agora preciso que me ajudes a pensar como sair daqui, eu não consigo sozinha e já não temos muito tempo.- murmurei. Conseguia sentir o pânico que preenchia toda aquela sala, acho que nenhum de nós estava à espera que Henry o fizesse, apesar de ele ter o feito o que nenhum de nós teve coragem de algum dia fazer. De qualquer das formas, não sabia como não ficar apavorada com aquela situação. Acho que só acreditar que tudo aquilo tinha resultado quando metesse os pés fora daquela casa.

Olhei para Rachel quando ela veio ter comigo agarrar-me nas mãos e baixei o olhar para as mesmas respirando fundo. Sentia-me calmo, a única coisa que me estava a perturbar era o medo de que ela pensasse mal de mim. Eu tinha-a avisado, era certo, mas mesmo assim, ela tinha visto tudo e eu... eu não me sentia mal, eu sentia-me bem e livre. Olhei para trás vendo toda a gente a olhar para o corpo de Lynn com um olhar chocado e passei uma mão livre pelo cabelo - e fiz... - fechei os olhos quando Rachel me beijou e assenti com a cabeça, voltando a puxa-la para a beijar de novo durante um pouco mais de tempo. Provavelmente assim que fossemos embora... talvez nunca mais a visse. Afastei-me com um suspiro, só com a possibilidade e levantei-me. - vou esconde-la - afirmei - temos que limpar o sangue e agir normalmente até as portas do bar se abrirem.

Assim que Henry me voltou a beijar, puxando-me contra o seu corpo, eu correspondi ao seu beijo, acariciando a sua bochecha enquanto o fazia. Eu sabia que aquela não era a altura certa para estarmos a fazer aquilo, mas não havia como não retribuir. Ainda era estranho para mim sentir tanta necessidade de o fazer, mas eu sempre soubera que ele não me era indiferente e agora, depois de o ter visto naquele estado..eu queria estar com ele, queria tomar conta dele e garantir que nada de mal lhe acontecia. Encostei a minha testa à sua, assim que os nossos lábio se separaram, mas não consegui ficar assim durante muito tempo, visto que Henry se afastou. Deixei que o fizesse, largando as suas mãos aos poucos e assenti ao que nos dizia a todos.
- Eu vou ajudo-te a escondê-la.- murmurei, ainda perto dele e, antes que ele se fosse embora, eu tive de voltar a agarrar-lhe no braço, para o virar para mim.- tu prometeste que ias ficar comigo.- disse baixinho, só para ele.- não desapareças depois disto.- pedi, olhando os seus olhos.- não me deixes sozinha lá fora.- completei, referindo-me ao mundo exterior que, durante todo este tempo, se tinha tornado estranho para mim.

Virei-me para ela depois de já nos termos separado e juntei as sobrancelhas ao sentir a sua mão puxar-me o braço depois de já estar a sair da sala. - Eu vou ficar comigo - disse. Não tinha família para ficar com mais alguém - mas... - calei-me quando senti um aperto no peito que me dizia que aquilo não era assunto para ser discutido naquela altura. - Não te vou deixar sozinha nunca Rachel - murmurei - ninguém aqui vai - disse beijando-lhe a testa e comecei a afastar-me, vendo que já estavam todos de volta de Lynn. Agarrei no corpo dela, sentindo agora tudo menos prazer, estava com uma revolta no estômago que só não estava a vomitar porque tinha que ser forte para a esconder no sítio certo e não ser apanhado por ninguém. - Limpem o sangue - pedi, visto que não podia fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Assenti ao que Henry me disse, sentindo um peso sair de cima de mim assim que disse que ia ficar comigo, coisa que não durou muito tempo, visto que mal ouvi o seu mas, o meu coração voltou a apertar-se. Juntei as sobrancelhas, ficando à espera da sua resposta, mas ele acabou por não ma dar, e eu percebi que aquela talvez não fosse, nem a melhor altura, nem o melhor local para estarmos a falar daquilo. Fechei os olhos ao sentir o seu beijo na minha testa, assentindo a tudo o que me dizia, e passei as mãos pelo seu peito antes de o deixar afastar-se. Suspirei baixinho, abraçando-me ao meu próprio corpo e a partir do momento em que o vi carregar o corpo morto de Lynn, foi impossível não estremecer. Acho que todos nós naquela sala o fizemos, inclusive Henry. Olhei em volta, quando ninguém se mexeu, nem depois de o ouvirmos pedir que alguém limpasse o sangue e eu acabei por ir até à cozinha buscar uma esfregona para o fazer.

Desci até ao bar, como ainda era cedo para começar as limpezas, ainda ninguém estava por ali e, como quem costumava controlar os quartos era Lynn, foi para lá que fui, deitando-a dentro de uma banheira e olhando-me depois ao espelho. Só agora reparava que estava coberto de sangue. Suspirei, agarrando numa toalha e comecei a limpar a pele o mais que podia, para tirar aquele sangue nojento do meu corpo, já bastava estar sujo por dentro. Afastei-me daquele quarto o mais que pude e fui de novo até onde estavam todos, atónitos ainda. - Obrigado por ajudarem a Rachel - ironizei para todos enquanto eles simplesmente se limitavam a olhar, sem reação. - O que foi? Não fiz o melhor para todos? - perguntei.
Felizmente Hugh foi o primeiro a responder, assentindo - nós... só não estávamos à espera que fosse assim... - juntei as sobrancelhas sem perceber - do nada e sem nos dizer.

Eu bem que levantava o olhar de vez em quando, enquanto tentava que as manchas de sangue desaparecessem do chão, mas nenhuma daquelas pessoas conseguia fazer outra coisa que não olhar estupefactos para o chão, onde o corpo de Lynn estivera anteriormente. Soltei um suspiro, abanando a cabeça, e continuei a limpar, até ouvir a voz de Henry. Juntei as sobrancelhas, levantando o olhar para ele e olhei depois para os outros, suspirando com o que Hugh disse. Eu conseguia perceber onde ele queria chegar, apesar de também perceber o lado de Henry. Aliás, ele só nos tinha salvado não era? A todos nós.
- Isso não é o mais importante agora.- disse, acabando por ter de intervir.- o importante é aproveitarmos esta oportunidade e conseguirmos sair daqui.- olhei-os a todos.- afinal, isto foi o que sempre quisermos, não foi? - sorri sem vontade.- sair daqui, sermos livres..- murmurei.- vocês precisam de reagir se queremos que isto resulte.

Talvez se tivesse sido outra pessoa a fazê-lo, com a mesma brusquidão e sem ninguém estar à espera, nem a própria pessoa, eu teria tido a mesma reação deles. Mas era hora de acordar, eles precisavam despertar se não queríamos ser apanhados. Abri a boca para lhes falar, mas não foi preciso, porque Rachel disse tudo o que eu queria dizer.
-Como se ela te tivesse feito alguma coisa a ti - apressou-se Carly a dizer. Suspirei e antes que viesse daqui uma discussão mandei-lhe um pano húmido para os braços - limpa. Limpem todos. Não deixem nenhum rasto se não querem ser apanhados - baixei-me, ficando próximo de Rachel e sorri-lhe levemente. -Obrigado.

Tinha acabado de falar, e preparava-me para recomeçar a limpar, quando ouvi o que Carly disse. Juntei as sobrancelhas, segurando o cabo da esfregona na minha mãe, à medida que desviava o olhar para ela, e tive de respirar fundo antes de lhe responder.
- Ela trouxe-me para aqui.- murmurei.- pensei que isso fosse mau o suficiente.- e nem eu nem ela tivemos tempo de dizer mais nada, visto que Henry nos interrompeu. Mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, soltando um pesaroso suspiro e acabei por dar a esfregona a Hugh, colocando-me de joelhos para agarrar num pano e limpar as manchas. Porque é que eu tinha a estranha sensação de que ela nunca ia gostar de mim? Porque é que ela agia como se tudo aquilo fosse muito mais fácil para mim, só porque Henry me protegia? Eu também não queria ali estar, a minha vida também tinha sido destruída a partir do dia em que para lá entrara. Aliás, a minha vida já estava destruída muito antes de lá entrar. Senti o meu corpo estremecer, assim que a voz de Henry me despertou dos meus pensamentos e olhei-o, limitando-me a encolher os ombros ao seu agradecimento.- eu só quero sair daqui.- murmurei baixinho, apertando o pano que segurava.

-Nós vamos - respondi-lhe afagando-lhe as costas. Olhei para Carly que nos lançou o seu olhar de morte e suspirei começando a limpar as pequenas manchas que haviam por todo o lado. Felizmente, ao fim de algumas horas estava tudo como se nada tivesse acontecido e aí sim, eu comecei a sentir-me realmente mal. Mordi o lábio inferior com força apoiando uma mão na parede, acabando mesmo por me encostar a ela. - O que é que é suposto eu fazer agora? - perguntei a Rachel que era a única pessoa que estava no corredor comigo. - eu só fiz o que tinha que fazer, não tenho um plano, ...

Limitei-me a assentir ao que Henry disse, tentando não reagir ao seu toque, uma vez que sentia o olhar de Carly posto em nós e continuei a limpar as manchas até que, ao fim de algumas horas, elas já tinham finalmente desaparecido. Levantei-me, atirando o pano para dentro do balde com água e fiz o mesmo aos panos dos outros, que entretanto já tinham ido para os seus quartos, prepararem-se para noite. Passei as mãos pelas costas, que me doíam por ter estado tanto tempo curvada e virei-me depois para Henry, assim que ouvi a sua voz. Juntei as sobrancelhas, aproximando-me rapidamente dele e agarrei na sua cara com ambas as mãos, fixando o meu olhar no seu.
- Tem calma Henry.- murmurei.- olha para mim.- pedi.- nós vamos arranjar uma solução, está bem? - puxei-o para o abraçar.- só precisamos de pensar numa forma de conseguirmos sair todos daqui.

Passei uma mão pelo cabelo vendo-a aproximar-se de mim. Fechei os olhos, encostando a minha cabeça ao seu ombro e suspirei baixinho - eu sei, mas como? - perguntei baixinho, visto que todos os outros estavam do outro lado da parede a que estava encostado. Se eles percebessem que eu não tinha nenhum plano iam dar em malucos. - Lynn está morta e a apodrecer na casa de banho, mas ela não trazia nenhuma chave com ela, eu certifiquei-me disso.

Levei as mãos ao cabelo de Henry, assim que o senti encostar a sua cabeça no meu ombro, e fiquei a fazer-lhe festinhas no mesmo, numa tentativa de o conseguir acalmar de alguma forma. A verdade era que eu também não fazia ideia de como é que íamos conseguir sair dali, mas quanto mais nervosos estivéssemos, pior seria. Mantive-me em silêncio durante algum tempo, depois de o ter ouvido dizer que a Lynn não trazia nenhumas chaves consigo e acabei por encolher os ombros antes de falar.
- Das duas uma, ou arrombamos a porta do bar.- comecei, afastando-me ligeiramente para o olhar.- ou esperamos que venha aqui alguém à procura dela. - completei, suspirando logo de seguida.- sei que não são as melhores ideias, mas não consigo pensar em mais nada.

Fechei os olhos, sentindo o meu corpo relaxar quando ela me começou a dar festinhas e abracei-a com ambos os braços, puxando-a para mim. Levantei a cabeça quando se afastou e pensava que estava a aproximar-me demasiado até perceber que só me estava a dar ideias. Assenti levemente - tens razão - olhei para as horas que conseguia ver dali para a cozinha - eles devem vir procura-la quando derem por falta dela. Se não for hoje é amanhã quando perceberem que não abriram o bar - acabei por sorrir - aí.... eu... mato-os? - sim, era mesmo uma pergunta.

Agarrei em ambas as suas mãos, depois de me ter afastado ligeiramente, para o olhar, e entrelacei os meus dedos nos seus, para que percebesse que eu não ia sair dali. Calei-me, depois de lhe contar as únicas ideias que tinha e fiquei à espera que dissesse alguma coisa, sorrindo ao de leve assim que percebi que afinal até tinha sido útil. Assenti, à medida que foi falando, mas quando chegou à parte de: o que fazer com os seguranças? Eu abanei de imediato a cabeça, mal ouvi a sua pergunta.
- Não.- murmurei, largando-lhe as mãos para lhe conseguir acariciar a cara.- não quero que mates mais ninguém.- aproximei-me dele, beijando-lhe os lábios ao de leve.- só precisamos de os pôr inconscientes, achas que conseguimos?

Mordi o lábio inferior, olhando para as nossas mãos juntos e abanei a cabeça - não sei - murmurei - talvez se o Hugh os distrair com alguma coisa, ou a Carly. - levantei as sobrancelhas - ou posso dar a deles minhas drogas - disse e olhei Rachel percebendo que tinha falado demais. Não queria que ela pensasse que era algum drogado, ela já sabia que eu as tomava, mas... - sim, vou fazer isso. Tenho que falar com o Hugh - olhei para trás, tentando espreitar para a cozinha, mas ninguém estava lá. - achas boa ideia? - acabei por perguntar.

Fiquei a ouvir muito atenta as suas sugestões, visto que precisávamos de ter tudo pensado antes que os seguranças aparecessem e, assim que falou na sua droga, eu mordi a parte de dentro da minha bochecha com força, ao mesmo tempo que soltava um leve suspiro. Eu não gostava nada de saber que ele as tomava, ainda para mais visto que já tinha visto como ficava com elas, mas esforcei-me por não dizer nada. Eu sabia que o que ele precisava, para ficar bem, era de sair desta casa. Tal como todos nós. Assenti ao que ele disse, apesar de ter virado costas, e assim que voltou a olhar para mim, eu voltei a fazê-lo.
- Acho.- concordei, puxando-o para o abraçar.- desde que me prometas que vais ter cuidado.- suspirei baixinho.- quero sair daqui contigo.

Abracei-a quando ela me fez o mesmo, ficando ligeiramente tenso, para depois me deixar descontrair e encostar a cabeça ao seu ombro, abraçando-a com força. - Eu vou sair daqui contigo, só tenho que combinar as coisas bem com o Hugh - murmurmei. Ainda fiquei durante um tempo abraçada a ela, precisava daquilo mais do que nunca, mas como não havia tempo a perder, comecei a afastar-me sem vontade, agarrando na sua mão para depois ir até aos quartos, onde Hugh estava a falar com Carly. - Eu tenho um plano. - anunciei.

Limitei-me a assentir ao que disse, permanecendo o tempo que foi preciso abraçada a ele. Eu esperava mesmo que tudo isto corresse bem, porque eu recusava-me a ficar sem ele. Ainda que tudo isto fosse muito estranho, todos estes novos sentimentos, eu não ia sair daquela casa se ele também não saísse. Levantei a minha cabeça do seu ombro, assim que o senti endireitar-se e segui-o até aos quartos, apertando-lhe ligeiramente a mão enquanto andava ao seu lado. Assim que lá chegámos, e para que Carly não começasse com aqueles seus comentários desagradáveis, eu afastei-me de Henry, indo sentar-me na pontinha de uma cama, enquanto esperava que contasse as nossas ideias.

Hugh virou-se para mim assim como os outros e todos se calaram. - Existem dois seguranças - disse como se eles ainda não soubessem - o... Eu não sei o nome dele mas o mais pequeno está sempre virado de costas, esse pode ser apanhado por trás e feito desmaiar, e quanto ao outro.... a Lynn deu-me drogas e aquilo tem efeito praticamente imediato, ele fica logo mais fraco e até adormecer - encolhi os ombros mordendo o interior da minha bochecha.
-Só precisamos de agir ao mesmo tempo - completou Hugh visto que Carly tinha ficado apenas a olhar para mim como se me estivesse a julgar. Claro, tudo por causa das drogas.

Subi os joelhos, até pousar os pés sobre a cama, acabando por me abraçar às minhas pernas e fiquei assim durante todo o tempo em que Henry esteve a explicar aos dois o que precisava de ser feito para que conseguíssemos sair dali. Mordisquei a parte de dentro da minha bochecha de forma distraída e, assim que Henry acabou de falar, eu olhei pelo canto do olho para Carly, soltando um suspiro face à sua expressão. Nem sabia dizer se ela tinha gostado ou não. De qualquer das formas, voltei a focar-me em Henry.
- E nós? - perguntei, referindo-me a mim e a Carly.- o que é que nós precisamos de fazer?

Olhei para trás, para Rachel que tinha ficado na cama atrás de mim e suspirei encolhendo os ombros - nada - Carly levantou uma sobrancelha - apenas não se metam em perigo e assim que virem que conseguem escapam façam-no, chamem a polícia. Assim se alguma coisa correr mal para nós, já podemos estar descansados por sabermos que nos vêm buscar - olhei de novo para Rachel, sabendo que ela ficar toda preocupada, mas Carly permaneceu calada, e ainda bem.

Mantive o meu olhar preso em Henry, visto que estava à espera de uma resposta sua e, assim que ma deu, o meu coração disparou como um maluco, fazendo-me juntar as sobrancelhas à medida que assimilava as suas palavras. Ele queria que eu saísse dali sozinha, sem ele? E se lhe acontecesse alguma coisa? E se eu não conseguisse fazer nada para o ajudar? Não, eu queria ficar ali com ele. Comecei a abanar a cabeça, para que percebesse que eu não estava de acordo.
- Tu disseste que íamos sair daqui juntos.- murmurei baixinho.- eu não te vou deixar aqui.