Floresta

Era já de noite e por ali não passava ninguém. Na minha mala levava algumas coisas banais, e também uma lanterna para conseguir ver na floresta, à noite. E levava também o meu diário, que estava sempre comigo quando eu estava deprimida. Sentei-me num sítio qualquer, no chão, e com a ajuda da minha lanterna, procurei o meu telemóvel na mala. Comecei a ver fotografias no mesmo e suspirei.

Pareceu-me ouvir qualquer coisa e fiquei assustada. Por norma, não passava ali ninguém a estas horas, nunca tinha passado ninguém. Com medo, arrumei o telemóvel na mala, e apaguei a minha lanterna, fugindo para trás de uma outra árvore, guiando-me pelo tacto e pela fraca luz da lua. Mas quem seria agora? Será algum homem mau? o.o

Olhei para a esquerda e para a direita vezes sem conta, tentando ver se via alguém, mas nada. Assustei-me imenso quando alguém disse "Bu" atrás de mim e acabei por gritar, não muito alto. Peguei na minha mala apressadamente e ao levantar-me acabei por me desequilibrar e cair. Procurei nervosamente a minha lanterna. Mas quem é o pacóvio? -_- Ou será alguém mau? O.O

Revirei os olhos quando se começou a rir. Como se tivesse piada, ha, ha, ha! -.- Quando a lanterna me iluminou, desviei o olhar, mesmo depois de ver a sua mão. Levantei-me sozinha sem a sua ajuda e suspirei - Ah pois, claro que não. Fala o senhor desconhecido que me assustou e se riu de mim - Resmunguei, ajeitando a minha roupa. Ah boa, agora rasguei a roupa! -_-

- Pois, estou a ver. Ainda bem que o diverti bastante - Murmurei, olhando o rasgão e um arranhão - Sim, só tenho a roupa rasgada e um pequeno arranhão, nada mais.. - Murmurei tentando recompor-me

Olhei para ele quando pediu desculpa e engoli em seco ao ver que estava a ser sincero - Não faz mal... E também não reagi muito bem, estava assustada... isto hoje em dia nunca se sabe, estamos em Las Vegas, é de noite e está escuro aqui.. - Afirmei, encolhendo depois os ombros

- Ahm, bem eu... Costumo vir para aqui com o meu diário e a minha lanterna quando estou deprimida... Já começa a ser uma rotina diária. Ou noturna, neste caso... - Murmurei

- Eh, coisas de jovens, desgostos amorosos, coisas pindéricas... - Afirmei num encolher de ombros, baixando depois o rosto, agora calada

Franzi o sobrolho e mordi o lábio - Não! Referia-me a jovens do sexo feminino, não estava a falar de idades... Não lhe estou a chamar velho, de forma alguma... - Murmurei, mordendo o lábio depois

- Ah.. - Sussurrei atrapalhada. É brincalhão, é. - Normalmente os homens dizem sempre que as mulheres são complicadas.. - Retorqui com um pequeno sorriso, olhando-o meio sem jeito quando disse que não me ia deixar ficar ali sozinha - Oh... - Baixei o rosto e ajeitei o cabelo

- ahm, algumas... Está bem então.. - Murmurei sem jeito e peguei melhor na minha lanterna e liguei-a, começando a caminhar na direcção da rua

- Não, sou das redondezas, mudei-me para a cidade à um mês atrás... E você, é de cá? - Perguntei baixinho, olhando-o pelo canto do olho. Nossa, que o senhor é jeitoso.