Sala de estar

Assim que cheguei a casa sentei-me no sofá a descansar um pouco e a ver televisão, ainda tinha algum tempo até ter de sair de casa. Quando por fim as horas passaram fui ao quarto, tomei um duche e mudei de roupa saindo novamente de caso e indo ter com Lydia, esperava que ela estivesse lá...

encerrado

Chegámos rapidamente ao nosso prédio, e levei-a para o meu apartamento. Encaminhei-a até à sala e depois puxei o telemóvel e liguei para a polícia local, explicando o sucedido - pronto, eles já sabem

Sentei-me no sofá e fiquei à espera que Jackson acabasse de falar ao telefone. Suspirei. - Está bem. - murmurei. O meu pai tinha fugido e agora andava por aí. Há já imenso tempo, que felizmente, ele não sabia onde eu vivia. Mas.. se me tinha encontrado, tão rápido, quem me garantia que não encontrasse o meu prédio e que voltasse a violar-me novamente?

Assim que desliguei o telemóvel, mandei-o para cima do sofá e suspirei - É melhor ficares aqui por uns tempos. - Disse, olhando depois pela janela

Estava-lhe mais do que agradecida pela sua ajuda, mas desta vez, ia negar-lhe aquilo. Não podia e acho que também não queria ficar ali. - Não, obrigado. - encolhi os ombros.

- Não obrigado? - Perguntei, olhando para ela - Não estava a fazer nenhuma pergunta ou sugestão. Não vou deixar que andes por aí e que ele possa aparecer de novo e fazer sabe-se lá o quê.

O mal já estava mais do que feito. Não seria a primeira, nem a segunda e muito menos, a terceira vez que ele me violaria. - Não vou ficar aqui o tempo todo, só porque o meu pai anda por aí. - engoli em seco. - Pior do que já estou, não posso ficar.

- Portanto, que se lixe, se ele voltar para te fazer mal, tudo bem. Achas que eu vou ficar de braços cruzados a deixar que isso aconteça? - Perguntei, revirando depois os olhos - O que é que tu estavas a fazer naquela rua? Ainda não me respondeste a isso, Lydia - Afirmei. O teatro não fica por ali.

- Ele já me fez mal, há imenso tempo! - E disse nunca me iria esquecer. Nem com psicólogos, nem com tempo, nem com nada. - Estava a trabalhar. - tentei dizer aquilo, como se nada fosse, mas acabou por não dar resultado.

- Tu voltaste à Prostituição, Lydia?! - Perguntei, olhando-a incrédulo no que ouvia.

- Exactamente. - e não queria mesmo tê-lo a dar-me um sermão ou algo do género. Depois de nos afastarmos, tinha saído do teatro. Não conseguia ter cabeça para aquilo.

- Lydia... - Suspirei pesadamente e virei as costas. Nem sabia o que dizer, para ser sincero. Sentia-me algo que... Frustrado.

- What? - revirei os olhos. Eram atitudes como aquela, que odiava nele. Qualquer coisinha, ficava estranho, de um humor diferente.. unf.. Fora a mesma coisa, quando lhe contava de Rob.

- Eu fiz de tudo para tu saíres daquilo, fiz de tudo para te ajudar a nível psicológico, apoiei-te sempre em tudo, ajudei-te em tudo e alguma coisa que podia, ajudei-te a seguires os teus sonhos, e assim sem mais nem menos desistes de tudo? - Perguntei baixinho, olhando-a. Não estava com ar de chateado, zangado ou furioso. Era mesmo com ar de frustrado, com ar triste.

- E isso tudo para quê mesmo? Foi só saberes que o Rob foi meu namorado e que ainda gostava dele, para te afastares de mim. - revirei os olhos. - Preferia mesmo que me tivesses deixado em paz, naquela noite que nos conhecemos.

- Porque dói, Lydia, dói. Eu posso ser gajo e parecer o mais forte do mundo, mas dói. Dói porque eu te amo, e tu por vezes até parece que... Nem sei! Parece que te esqueces e fazes de propósito. Não tenho culpa de gostar tanto de ti, nem tenho culpa que essas coisas me magoem. Caramba pá, lá por ser homem não significa que não tenha sentimentos! - Afirmei num tom calmo e acabei por me sentar.

- Tu é que quiseste saber da cena de Rob, por mim, nunca te contaria. - e talvez isso não o fizesse magoar tanto. Suspirei e olhei-o por uns momentos. Não gostava de magoar ninguém, não gostava de magoar Jackson. - Porra, não te quero magoar.

- Mas eu sou daquele tipo de pessoas que prefiro saber tudo do que andarem-me a esconder as coisas... - Murmurei, acabando por a olhar segundos depois de ela dizer a sua última frase - Mas magoaste, Lydia...

- Eu não te escondi nada. Aquilo era sobre a minha vida e a vida do Rob, tu não tinhas nada a ver com aquilo. - revirei os olhos. Eu era muito ligada às minhas coisas pessoais.

- Desculpa. - Pedi, ainda a olhá-la. Mordi o lábio e desviei o olhar por instantes.

Mordi o meu lábio com força e cerrei os punhos. Não aguentava ficar chateada com ele, vendo-o naquele estado. Aproximei-me dele e abracei-o. - Desculpa. - suspirei. - Não era minha intenção magoar-te, nem nada do género.

- Eu sei... - Murmurei apenas e abracei-a com mais força - Eu amo-te, Lydia. Por mais piroso ou pindérico que possa parecer ouvires-me a dizer isto... - Fiz uma pausa enquanto me ria baixinho - ... Essa é a verdade.

- Não é piroso seu parolo. - revirei os olhos. Deixei-me ficar abraçada a si. E por uns momentos, pus-me a pensar no que seria de mim, se Jackson não tivesse entrado na minha vida. Olhei detalhadamente para a sua sala. - Eu sabia que tinhas dinheiro, só não sabia que isso estava bem explicito na tua sala. - ri-me. Afinal, nunca tinha vindo ao seu apartamento.

Acabei por rir com o seu comentário sobre a minha sala e abanei a cabeça.
- Oh, nem está nada de por aí além... Tenho dinheiro sim, mas também não moro numa mansão, nem tenho a casa banhada a ouro - Disse na brincadeira