Bar de Strip

-Isso não me faz sono - encolhi os ombros - só me tira a dor de cabeça, toma, não te vai fazer nada de mal, assim até fazes o teu trabalho melhor - disse mexendo as minhas pernas que já pareciam pedra com um sorriso maroto. Olhei para o meu braço que estava ligado e fiz uma careta abanando a cabeça - não é grave - disse, não era mesmo. - nem foi preciso cozer - encolhi os ombros.

Agarrei no comprimido que ele me deu e tomei o mesmo. Voltei a deitar a cabeça nos meus braços enquanto olhava para o braço dele - A médica estava preocupada contigo. E tiveste montes de cuidados. Isso foi mais do que um corte. - levantei o olhar para ele e tive de me pôr direita para o caso de ser chamada por algum cliente.

-Mas isso não foi por ser grave - encolhi os ombros e olhei para trás dela vendo um dos clientes chamar alguém para os ir atender. Acabei por suspirar agarrando nos nossos copos e mandando-os para lavar - vai, estão a chamar-te - olhei para as horas - só mais meia hora e estás livre.-isso até eu podia dizer. Algumas das gajas eram mesmo chatas, coitadas.

- O que é então? - perguntei mas ele não teve tempo de me responder porque disse que estava um cliente a chamar-me. Olhei para trás e suspirei, saltando do banco e agarrei-me logo ao meu tabuleiro. Ajeitei o meu cabelo e fiz uma pequena careta por causa da minha cabeça e caminhei até ao cliente. Voltei cinco minutos depois por causa das bebidas mas já sabia que a seguir ia ser mais demorado - Whisky. - pedi ao Josh.

Normalmente não gostava de falar sobre o que tinha, não era nada de outro mundo, mas não gostava de como as pessoas me tratavam, era como se fosse de gelo ou de cristal, mas não era. Agarrei na garrafa de Whisky servindo um copo coloquei-o no tabuleiro. - Posso esperar por ti a seguir ou vais dar-me para trás e não vale a pena?

Levantei o olhar do tabuleiro para o Josh assim que ele falou e levantei uma sobrancelha - Podes esperar por mim. Dar-te para trás ou não depende do que disseres e fizeres. - encolhi os ombros - Agora tenho de ir trabalhar. - agarrei no tabuleiro e afastei-me dele, caminhando novamente para a zona onde estava o cliente. Dei-lhe a bebida e sentei-me ao colo dele com o costume. Só queria que o tempo passasse rápido.

-Até parece que me atiro a ti - levantei as sobrancelhas com um sorriso e fiquei a vê-la, fazendo novamente uma careta enojada quando se sentou em cima do gajo. Como o bar estava muito mais calmo e já raras eram as pessoas que me vinham pedir algum tipo de bebida comecei a arrumar as minhas coisas.

Assim que despachei o cliente, olhei para as horas e vi que já estava tudo a arrumar o bar para o fechar. Suspirei de alivio e entrei para o camarote, sentando-me no meu banco logo de seguida e deitei a cabeça na minha mesinha.
- Pareces cansada. - abri um olho quando ouvi a voz da Angela e encolhi os ombros - Acho que o Josh está à tua espera. - assenti com a cabeça quando me lembrei e levantei-me para mudar de roupa - Vocês os dois. - a Angela riu-se e mexeu as sobrancelhas.
- Nada. - revirei os olhos e vesti o meu vestido - Já te disse que dispenso encontrar um amor ou o que seja. Não preciso de mais pessoas a quem esconder coisas.

Fiquei a ver os clientes a irem embora e sorri quando o bar ficou completamente vazio. Bem, não completamente, porque ainda haviam as raparigas, mas pelo menos sem clientes. Olhei para Caroline que estava mesmo ao meu lado e sorri-lhe - noite longa para ti? - perguntei vendo-a assentir com um sorriso e juntei as sobrancelhas semicerrando os olhos - o que foi?
-Quando é que tens a tua folga? - perguntou-me fazendo-me sorrir.
-Vocês também têm folgas? -ouvi-a rir-se e assentir com a cabeça - daqui a dois dias.
-Óptimo, fica combinado, vamos comer um gelado nessa noite - disse virando costas. Apesar daquilo me ter soado bem fiz uma careta, estas gajas eram um bocadinho estranhas, para além de oferecidas. Olhei para o bar, vendo que estava tudo em ordem e agarrei nas minhas coisas indo na direcção da entrada, ficando à espera de Heather tal como tinha dito.

Parei em frente ao espelho para ajeitar o vestido e o cabelo e revirei os olhos assim que ouvi a Angela rir-se - Queres que te ajude com a maquilhagem? Parece que vais ter um encontro com o Josh. - disse ela mexendo as sobrancelhas o que me fez voltar a revirar os olhos.
- Até amanhã. - disse-lhe com um pirete e sai do camarote para o bar. Passei rapidamente para que o Carl não me visse e começasse a chatear-me e parei assim que vi o Josh à minha espera - Olá.

Das raparigas que aqui estavam a trabalhar as mais complicadas iam ser Angela, que apesar de gostar de mim não parecia ser daquelas que se atirava logo ao bife, e sem dúvida Heather. Mas não podia negar que não gostava disso. Encostei a minha cabeça à parede no preciso momento em que Heather apareceu. Sorri endireitando-me e abri a porta - olá - disse-lhe dando espaço para que passa-se. - O comprimido ajudou na dor de cabeça? - perguntei.

Fechei a porta do bar depois de sair do mesmo e olhei para ele, sorrindo ligeiramente assim que perguntou pela minha cabeça - Sim, obrigada. - apontei com o meu queixo para o braço dele antes de o voltar a olhar nos olhos - E o teu braço? Ainda te doi? - comecei a andar pela rua e olhei para trás para ver se ele vinha comigo. Afinal ele é que tinha pergunta se podia esperar por mim - Precisas de alguma coisa minha?

-De nada - disse olhando para a zona onde devia ser a sua ferida, não dava para perceber e isso era bom porque dava para reparar que ela teria problemas se se notasse. Olhei para o meu braço abanando-o - não, ele está bem, já te expliquei que não é nada demais - encolhi os ombros - eu só tenho uma cena com o sangue - fiz uma careta não querendo explicar tudo muito detalhadamente - mas não é nada demais - encolhi os ombros. Ri-me da sua pergunta e abanei a cabeça - Na verdade só estava a garantir que não eras roubada outra vez.

- Ainda bem, isso estava feio. - disse referindo-me ao braço dele. Como percebi que ele não queria falar muito do que tinha, assenti com a cabeça quando explicou que era uma coisa do sangue dele. Revirei os olhos com o que ele disse a seguir e ajeitei a minha mala, continuando a andar até sair da rua do bar e ir para uma das ruas principais - Aquilo não acontece todos os dias, foi só daquela vez. Mas obrigada, pela preocupação. - disse-lhe sincera.

Sorri por não ter insistido, pelo menos ela sabia quando não devia perguntar as coisas. Era esperta, mas difícil, se calhar demasiado, ela ia complicar-me a vida. Saí com ela da zona do bar, colocando as mãos nos bolsos e olhei para o meu carro ao longe - queres boleia ou vais a pé? - perguntei abrindo-o pelo controlo remoto, olhando-a à espera da sua resposta.

Parei quando ele perguntou se eu queria boleia ou ia a pé e fiquei a olhar para ele enquanto pensava. Não gostava muito da ideia de ele me levar a casa, saber onde eu morava. Era um dos motivos pelo qual eu não procurava uma relação. Ninguém ia perceber o que eu fazia, nem as pessoas da vida da Heather nem as pessoas da vida da Katherine. Simplesmente as únicas pessoas que conviviam nestes dois mundos eram eu e o Carl. Mas ir o caminho a pé que demorava meia hora quando estava cansada e me doia a cabeça, era mau de mais - Se me poderes levar, agradecia.

Sorri quando disse que a podia levar e coloquei-lhe uma mão no ombro guiando-a até ao meu carro - hoje eu guio e hoje és tu que me tens que dizer onde moras - disse olhando o seu ar esgotado - e tens mesmo que descansar ou amanhã vais ter um dia pior que o de hoje - eu estava a falar para ela mas comigo era a mesma coisa, e eu nem sequer era.. se bem que hoje também tinha gasto bastante energia. Energia a dobrar.

Ri-me com o que ele disse e assenti com a cabeça - Sim, hoje trocamos. - segui-o até ao sitio onde ele tinha estacionado o carro e suspirei com o que ele disse, encolhendo os ombros de seguida - Eu sei, eu hoje vou dormir mais e descansar a sério. - sorri ligeiramente e olhei-o - Tu também tens de descansar. Estás ferido apesar de ser no braço estás mal na mesma. - assim que chegámos ao carro dele, entrei no mesmo e meti o cinto de segurança - Também gastas muita energia.

Revirei os olhos com um sorriso quando ela disse que precisava de descansar - estás preocupada comigo Heather? - perguntei retoricamente. Liguei o carro fazendo a manobra para irmos embora - diz-me onde moras - disse começando a andar devagar. Ri-me quando disse que gastava energia - nem tu sabes quanta - brinquei.

Revirei os olhos com a pergunta dele e encostei a cabeça ao vidro enquanto olhava lá para fora - Se calhar estou. Eu preocupo-me com as pessoas. E não só. - disse logo com uma pequena careta - E estás assim por causa de mim. - meti-me direita assim que ele me pediu para dizer onde morava e apontei para a estrada - Segue, quando for para virar eu digo-te. - disse ignorando o outro comentário dele.

Fiz um sorriso convencido com um encolher de ombros enquanto conduzia - mas demonstras que não te preocupas com ninguém - olhei-a de lado - e deves ser muito odiada lá no bar - ri-me colocando música ambiente, simplesmente porque não gostava de andar de carro sem música, não engatava miúdas com música. - Está bem - disse.

Encolhi os ombros com o que ele disse - Isso é porque não me conheces. - levantei uma sobrancelha e virei a cara para ele com o que disse a seguir - Odiada porquê? - voltei a encostar a minha cabeça à janela e apontei - Vira ali e depois não falta muito para chegar a minha casa. - não o ia deixar-me levar até à porta de casa, ia dizer que morava na casa dos Walker e assim que ele fosse embora, caminhava até casa.

-Não te deixas a conhecer - disse - se te pedir tens que acabar a frase a dizer que não vai acontecer nada - olhei-a durante uns segundos porque tinha que prestar atenção ao caminho. - odiada porque és difícil e isso torna as coisas interessantes - fiz um sorriso meio atrevido e virei onde ela disse começando a andar mais devagar.

Abri a boca para falar mas ele tinha razão. Eu não me deixava conhecer, eu não queria que me conhecessem porque quantas mais pessoas se aproximassem de mim, mais eu tinha de lhes mentir. E eu odiava mentir. Já mentia a tantas pessoas que não queria fazê-lo mais - Eu disse-te como é que me chamava, deixei-te conhecer-me. - disse com um encolher de ombros para tentar não me rir - E não vai acontecer nada entre nós. - voltei a repetir. Voltei a levantar uma sobrancelha com o que ele disse - Então estás a dizer que me achas interessante? Porque ao contrário de todas as outras, não quero saltar-te para cima?

Levantei as sobrancelhas quando ela disse que me tinha dito o seu nome fazendo-me rir - Sim, é tudo o que eu sei sobre ti. Ah! O teu tio é teu patrão e a tua irmã é namorada do meu irmão. - olhei-a - o que nos faz parentes. - revirei os olhos com o que ela disse - não disse que ia, pára de ser tão egocêntrica- apesar de pensar que ia, e muito. Mordi o lábio com o que ela disse e assenti com a cabeça respondendo afirmativamente às suas perguntas- é extremamente excitante.