Quarto das raparigas [R/c]

Abri a porta que Henry indicara, que por acaso ficava mesmo em frente à do seu quarto e entrei, fazendo uma pequena careta. Comparativamente com o aspecto do outro quarto, este parecia uma..nem sei bem, mas de qualquer das formas, era bem melhor do que o casebre. Aliás, tudo era melhor do que isso. Olhei para as camas, sem saber muito bem qual escolher mas assim que vi uma livre, sem roupas em cima, eu deitei-me nessa, agarrando-me à almofada. Fechei os olhos com um suspiro. Queria dormir, ele dizia que eu precisava, mas parecia-me uma coisa impossível de fazer.

Apesar de estar meio reticente, acabei por assentir ao que ele disse. Não queria que os outros achassem que eu não fazia nada, já chegava não ter atendido nenhum cliente, não queria arranjar problemas. Nem para mim, nem para Henry. Abri a porta assim que lá cheguei e vi-me livre daquele corpete, vestindo o meu pijama confortável. Puxei as mantas da minha cama para trás, deitando-me lá e fechei os olhos com um suspiro. Só queria dormir e esquecer tudo e todos.

Tinha adormecido pouco depois de me ter deitado, mas o sono estava tudo menos calmo. O meu corpo remexia-se na cama enquanto eu murmurava coisas imperceptíveis. Eu estava sonhar, ou melhor, estava a ter um pesadelo. Ele tinha-me encontrado e tinha-me levado de novo para uma casa abandonada, a mesma casa abandonada, estava a acontecer tudo de novo.
- Não! - gritei de repente, sentando-me num impulso na cama e levei a mão ao peito, com a respiração completamente regulada. Passei uma mão pela testa molhada e olhei em volta, temendo tê-las acordado, mas isso não pareceu acontecer. Engoli em seco, sentindo o meu estômago às voltas e tive de sair da cama, cambaleando até à casa de banho.

Depois de me despedir de Hugh, abri a porta, entrando e voltei a deitar-me a cabeça sem tentar que ninguém acordasse. Já me sentia melhor, o chá tinha ajudado, já para não falar da companhia.
- Uhh tu gostaste.- e lá estava ela.
- Cala-te.- revirei os olhos, puxando as mantas para cima de mim.
- Até parece que não é verdade.- ela resmungou, mas eu nem lhe disse mais nada. Agarrei-me à almofada, fechando os olhos e pouco demorei a adormecer.

Depois de ver que eram horas de acordei dei um encontrão a Hugh que estava com pessimo aspecto, tal como eu. Pelos vistos nenhum dos dois tinha dormido muito bem. Levantei-me indo aquecer leite suficiente para todos e depois fui até ao quarto das raparigas - meninas - chamei devagarinho porque algumas eram resmungonas - acordem, já é de dia - fui abrir-lhes a janela.
-Porque é que acordas sempre tão cedo? - perguntou Carly mandando-me uma almofada. Ri-me mandando-a de volta.
-Acorda.

Não sei quanto tempo dormi, mas não me pareceu ser assim tanto. Quando dei por mim, já estava a despertar ao mesmo tempo que ouvia a voz de Henry.
- Ele fica tão jeitoso com aquele ar de quem acabou de acordar.- abri os olhos com uma careta, desviando o olhar na sua direcção e comecei a levantar-me, visto que ele nos tinha pedido para o fazer. Peguei no meu casaco, enfiando-o por cima do meu pijama e fui até ele.
- Bom dia.- disse baixinho e como já seria de esperar, Daphne obrigou-me a beijar-lhe a bochecha. Nem foram precisas palavras, ela conseguia controlar o meu corpo bem demais.

Desviei o olhar para Rachel que me deu um beijo na bochecha e sorri-lhe dando-lhe um beijo na testa. - Vão tomar o pequeno almoço, eu pus a mesa.
- Vamos atacar o leite grego do Henry meninas - claro aquilo vindo de Carly tinha várias interpretações.

Mostrei um leve sorriso a Henry assim que senti o seu beijinho na minha testa e assenti ao que ele disse, começando a sair do quarto. Mas foi depois de dar um passo para fora do quarto que ouvi o que aquela rapariga que nos olhava no outro dia disse.
- Isso queria ela.- soltei um gemido baixo devido à forma demasiado audível como falou.- eu sim, vou provar o leite dele as vezes que me apetecer.- os meus punhos fecharam-se sem que eu pudesse fazer alguma coisa quanto a isso.- e ela vai ficar a ver.- fiz força nas mãos para conseguir colocar as mãos normais e dei uns passos para a cozinha, para que eles já não pudessem ouvir.
- Tem calma.- arregalei ligeiramente os olhos.- ela só estava a falar do pequeno almoço.- murmurei sentando-me.
- Deixa de ser ingénua Brenda.