Centro Comercial

Sentei-me na minha cadeira e inspirei e expirei fundo, múltiplas vezes. Puxei a minha mala e coloquei-a no colo. - Pois gosto.. pois.. - ergui o sobreolho. Oi? Ham? - Não gosto nada! Foi apenas um acidente. - tentei explicar. - Quer dizer, não é que não sejas bom.. mas.. - e achava melhor calar-me, porque só me estava a enterrar cada vez mais e mais atrapalhada ficava.

Comecei a rir-me do seu ar todo atrapalhado. - Resumindo e concluindo disseste que gostavas e que eu era bom. - retorqui com um ar deveras convencido. Abanei a cabeça e como já tinha acabado de comer levantei-me, peguei no tabuleiro e fui levá-lo.

Encostei a minha cabeça à mesa. - Não disse nada disso. - Eu sabia mesmo como me enterrar da melhor maneira possível. Parecia que não tinha emenda! Suspirei. Assim que ele saiu da mesa, olhei-o por uns momentos e encolhi os ombros.

Ri-me enquanto ia levar o tabuleiro, ela era toda confusa. Tentava não dizer as coisas mas no final estas acabavam por ser ditas, era engraçado vê-la toda atrapalhada quando isso acontecia. Depois de pousar o tabuleiro fui comprar dois gelados, pousei um à sua frente assim que cheguei de novo à mesa e sentei-me depois.

Fiquei durante uns minutos a olhar para o gelado que ele me estendera e pisquei os olhos. - Para mim? - ergui o olhar até ao seu. Quer dizer, eu era a única pessoa que estava ali com ele. Só se ele tivesse prazer em comer dois, ao mesmo tempo. Peguei no gelado e voltei a olhar para Jackson. - Obrigado.

Olhei-a e ri-me baixo. - Sim, para ti. Estás a ver aqui mais alguém? - perguntei começando a comer o meu. - Se não comeres ele vai acabar por se derreter. - retorqui encolhendo os ombros e levei uma grande colherada à boca.

Olhei para a taça com o gelado e seguidamente para a colher. Seria assim muito mau, eu recusar aquilo? É, talvez fosse.. Larga esse orgulho estúpido, Lydia! - Sim.. - encostei-me à cadeira e comecei a comer o gelado. E novamente, o silêncio tomou conta de mim.

Sorri um pouco quando ela começou a comer também o gelado e eu continuei também. Estava mesmo bom, aliás, era um gelado. Era sempre bom. Olhei para a Lydia e vi os cantos da sua boca com gelado, engoli em seco. - Tens gelado... nos lábios... - disse baixo e olhando para ela.

Estava toda dedicada ao gelado, quando fora quase pega de surpresa com o que ele falou. Mordi inconscientemente os lábios e na tentativa de limpar o gelado, passei a língua pelos mesmos. Olhei-o. - Saiu? - ergui o sobreolho.

Mordi o interior da minha bochecha ao ver a sua tentativa de tirar o gelado dos lábios. Tentativa essa que tinha saído um pouco falhada, infeliz ou felizmente... Mordisquei o lábio e abanei que não com a cabeça, cheguei-me mais para a frente na cadeira até ficar mais perto dela e estiquei a minha mão até à sua boca. Olhei para a mesma e passei levemente os dedos pelos seus lábios para lhe tirar o gelado que restava nos mesmos.

Engoli em seco quando ele se chegou todo para o pé de mim e seguidamente me tirou o gelado da boca. Tentei não pensar muito naquilo, não fosse eu ficar vermelha que nem um tomate e denunciar-me por completo. Desviei o meu olhar do seu e voltei a dar atenção ao gelado. Ou melhor, à taça, porque de gelado já não havia nada. - O.. Obrigado..

Voltei a pôr-me normal e engoli em seco enquanto ainda a olhava, remexi a minha colher no pouco gelado que restava. - De nada... - lambi os lábios para tirar o gelado da minha boca. - Ainda tens um bocado... - murmurei fitando a sua boca.

Juntei os meus lábios e voltei a engolir em seco. Ele provocava um sensação mesmo estranha, no meu corpo. - Ham.. - olhei para todos os lados, de forma a tentar encontrar um lenço de papel qualquer. Depois voltei a olhar para ele. - Tens algum lenço de papel?

Abanei que não com a sua pergunta. - Não. - disse e continuei de olhos postos nela. - Queres que eu limpe...? - perguntei num tom de voz um pouco mais baixo que o normal, não sei porquê mas estava praticamente à espera de levar com um não.

Juntei as minhas mãos e apertei-as, talvez de nervosismo. Eu estava indicada para lhe dizer que sim e não sabia o porquê. - Ham.. ham.. - mesmo que fosse pouco, eu sentia-me a corar. - Vais ficar com a mão toda peganhenta e.. e.. - e nada bolas, tu queres! Quanto mais falava, mais atrapalhada ficava.

Sorri interiormente quando ela disse que sim. - Não vou nada... - disse como resposta ao que ela havia dito de ficar com as mãos todas peganhentas. Voltei a aproximar-me dela, desta vez um pouco mais que na anterior. Levei um dedo ao canto da sua boca mas em vez de o passar nos seus lábios, como ela estava à espera, aproximei mais o meu rosto. Juntei um pouco os meus lábios aos seus e passei a língua pelos dela.

Eu já devia estar à espera, que uma coisa daquelas fosse acontecer. Assim que senti a sua boca perto da minha e a sua língua a passar pelos meus lábios, fiquei mais vermelha, que um tomate. Arregalei um pouco os olhos. A minha respiração começava a ficar ofegante e tentava a todo o custo não ceder ao impulso de o beijar.

Notei na alteração da sua respiração quando a minha se juntou à dela e engoli em seco, olhei para os seus olhos e ao tocar com os dedos nas suas bochechas senti estas um pouco mais quentes que o normal. Passei a minha língua por toda a sua boca e no final não resisti ao impulso e acabei por beijá-la.

Surpreendentemente não recusara os seus lábios. Recebi a sua boca contra a minha e correspondi ao seu beijo. As minhas mãos acabaram por pousar no seu pescoço e inclinei-me ligeiramente sobre a sua pessoa, de modo a intensificar aquele momento.

Fiquei satisfeito quando ela retribuiu ao beijo ao invês de me empurrar ou algo do género. Puxei-a mais para mim segurando-lhe no rosto com as duas mãos e aprofundei mais aquele beijo que estava a tornar-se deveras desesperado.

tenho de ir embora pepina, volto logo

Num simples ato de puro atrevimento, deixei a vergonha de parte e trinquei os seus lábios. Tateei todo o seu pescoço e subi até aos seus cabelos, afagando-os. Mesmo que eu não quisesse, acabei por separar as nossas bocas e afastei-me um pouco dele. - Eu.. eu.. - Alguns olhares estavam postos em nós, o que me fez corar ainda mais. - Se calhar.. eu tenho que ir embora. Tenho muitas coisas para fazer.

tá bem pepinoide, até logo

Mordisquei o seu lábio por entre o beijo quando ela fez o mesmo com o meu. Olhei-a quando separou por fim nossas bocas e ofegante abanei que não com a cabeça. - Não tens nada. - sussurrei voltando a puxá-la para mim e a beijá-la. Pousei uma mão na sua perna e apertei-a levemente.

Por mais que adorasse os seus lábios, sim, eu tinha coisas a fazer. Ainda me dediquei àquele beijo, durante uns longos minutos, mas depois, voltei a separá-los. - Tenho sim.. - tateei a sua cara com uma das minhas mãos e com a outra, pousei-a em cima da sua. Apertei-a.

Abanei de novo que não com a cabeça pois não queria parar aquilo nem que ela se fosse embora. Desci o meu olhar para a sua mão em cima da minha e mordi levemente o meu lábio quando ela a apertou e me fez a mim apertar-lhe mais a perna.

- Isto era só para ser um almoço. - suspirei. Nunca na minha vida, imaginara que um almoço, fosse acabar daquela maneira. Mas no fundo até tinha gostado, bastante. - Eu.. eu tenho que ir arranjar o meu apartamento.. eu.. - afastei a minha mão da sua e consequentemente, a minha perna.