Sala de Estar

Sorri toda contente quando ele aceitou em ficar ali e enchi a sua face de beijos. - Vais ver que mais cedo ou mais tarde, irás encontrar algo à tua altura. - disse-o, totalmente confiante. Gostava imenso que Rob conseguisse de novo a sua herança e que arranjasse um trabalho digno de si. Que fosse feliz.

Não acreditava muito no que tocasse à minha pessoa. Mas tinha a certeza, que a hora dele, chegaria. Remexi-me em cima do seu colo e beijei o seu pescoço. - Ainda temos paredes para pintar. - ri-me.

- Não acho nada justo, tu ficares com o rolo e eu com a trincha. - cruzei os braços ao peito. Sabia que se voltássemos a pintar-nos, que ele iria-me pintar muito mais do que eu a ele. - E os cantos são chatos. - empinei o nariz.

Ia começar a fazer birra, se não fosse aquele seu beiço encantador. Revirei os olhos. Nunca o iria resistir, era o que era. - Pois, sim. - peguei na trincha e pus-me a pintar os cantos.

- Não amues, senão no fim não leves o doce. - Brinquei rindo-me desalmadamente com a minha própria estupidez.

Comecei então a pintar os cantos, até ouvir as suas palavras. - Doce? - perguntei num tom de voz meio acriançado, fazendo beicinho. - Que tipo de doce? - eu agora ficara curiosa. E se ele não me desse doce nenhum, iria certamente pintá-lo todo!

Revirei os olhos divertida. Já devia de estar à espera, de um típica resposta como aquela. Sorri abertamente. - Hum.. tu um doce.. não sei se tens razão, quanto a isso. - provoquei-o.

- Caíste numa taça de doces, quando eras pequeno, foi? - guinchei, assim que senti o rolo nas minhas costas. Molhei as minhas mãos na lata de tinta e fui a correr até ele, sujando-lhe a cara, o peito e os braços. Depois afastei-me e mostrei-lhe a língua. - Estamos quites!

Comecei a correr pela sala, tentando fugir dele e das suas mãos cheias de tinta. Sabia que mais cedo ou mais tarde, ele ia-me apanhar. Afinal, ele era homem, era mais forte que eu e muito mais rápido que eu. Quando dei por nós, já andávamos a pintar tudo, menos parede.

Se a tinta não tivesse sido tão cara, com toda a certeza que iria despejar uma lata em cima dele. Peguei no rolo que agora era dele e pintei-lhe o seu braço e parte do seu peito. - E tu ficas lindo, de duas cores. - comecei-me a rir e roubei-lhe um beijo. Entreguei-lhe o rolo para as mãos. - Vá, vamos pintar.

 

- Sim, também acho. - tomei atenção a todos os cantos que pintava e passado umas quantas horas, o cheiro a tinta começou a empestar a sala toda. Tive que abrir a janela da mesma e fechar os estoures. Meti a trincha em cima do tabuleiro e sentei-me no chão, passando uma mão pela testa e limpando o meu suor. - Isto é que foi trabalhar! - precisava de um banho, era só isso que sabia.

- Tens razão.. - estava mesmo cansada. E ainda tinha que ir fazer o jantar. Descalcei os meus chinelos e coloquei um pé na sua cara. Acabei por me rir. Já fazia imenso tempo que não lhe fazia aquilo. - Olha o meu cholé, olha.. - bom, os meus pés cheiravam bem.

Olhei-o escandalizada e depois de afastar o meu pé, empurrei-o ligeiramente para trás. - Ai que mentira! - resmunguei. - Os meus pés cheiram bem, pash!

- Ai que nojo, não! - afastei-me logo dele. Os pés de um homem, principalmente os dele, eram algo que eu nunca iria querer cheirar. - Esses ténis e os teus pés.. blhac.. não combinam mesmo. - ri-me.